Bala mágica e cia na guerra contra a dengue

Moro no DF, mas não tenho nada a ver com isso. Charge do JBosco.

Fazendo um contraponto ao último post que publiquei em 2007, que trazia um vídeo do pessoal do Comédia ao Vivo, quero iniciar 2008 com um assunto dos mais sérios: a dengue. Como você sabe, estamos passando por uma epidemia da doença sem precedentes. Segundo o UOL, em 2007 foram registrados 200 mil casos a mais que em 2006, e embora os números ainda não estejam consolidados, um balanço do Ministério da Saúde divulgado em dezembro apontava um aumento de quase 60% de 2006 para 2007. A situação é alarmante e clama por uma solução urgente!

“Ué, mas o que a dengue faz neste blog sobre comunicação, cultura e tecnologia?”, alguém pode perguntar. "Ahá, aí está o X da questão!", respondo. Estas são três das armas mais poderosas disponíveis para combater o mosquito assassino. Abro um parêntese para dizer que de fato estas são armas poderosas para combater os maiores muitos dos males da humanidade. E infelizmente também servem para promovê-los. Mas voltemos à dengue. Acho que você vai concordar que ela não pode ser controlada sem a participação decisiva de cada cidadão. No entanto, ou as informações sobre a doença estão muito equivocadas ou nós não estamos fazendo nossa parte. Aposto na segunda opção, mas, se é assim, como fazer os cidadãos ainda reticentes, inertes ou simplesmente ignorantes partirem pra ação?

Partindo pra ação

Uma parte a própria doença, tenho certeza, faz. Ou você duvida que os familiares dos atingidos por ela cumprem seu dever? Outra parte pode ser conseguida pelo uso de uma comunicação bem arquitetada, intensiva e massiva. Mas tão massiva, intensiva e bem-arquitetada que mesmo os mais reticentes, inertes ou ignorantes vão acabar fazendo alguma coisa.

Um dos primeiros estudos de comunicação elaboraram a tese de que a comunicação agia como uma espécie de bala mágica que, ao atingir a pessoa, faz com que ela “compre” a mensagem. Era uma teoria de propaganda e em muitos aspectos ela está superada. As premissas eram diferentes então (primeira metade do século 20), mas alguma coisa deste princípio pode ser observada ainda hoje. É só pensar nos recentes sucessos musicais para ter uma idéia clara do que estamos discutindo. Quantas vezes por semana ou por dia você os escuta, mesmo sem querer? E eventualmente você vai acabar cantarolando um ou mais destes sucessos, gostando ou não do estilo musical, em voz alta ou na privacidade de sua mente.

Estratégia ampla

Obviamente estou simplificando a coisa, mas o mesmo princípio pode ser usado no combate à dengue. Muita comunicação (criativa e bem-feita) repetindo a mesma mensagem dia e noite pode acabar fazendo com que as pessoas internalizem a mensagem e integrem o front dos combatentes. Ressalto que ao falar de comunicação falo não apenas de propaganda, mas de uma estratégia ampla que envolve propaganda direta de conscientização, mobilização dos agentes públicos direta e indiretamente envolvidos, realização de palestras em escolas, igrejas, universidades, etc, além de mobilização de formadores de opinião e líderes comunitários, entre outras inúmeras ações que podem e devem ser orquestradas. Tudo num contexto ininterrupto de longo prazo, seja em épocas de chuva ou estiagem.

OK, isso está mais para marketing. Ótimo, e a comunicação, por ser estratégica (ela sempre é), deve ser o ponto central de todo o esquema. Quem vai dizer o quê, quais discursos serão utilizados para quais públicos, como utilizar melhor o rádio, a TV, os outdoors, os jornais, a internet? Como, inclusive, legitimar o poder de polícia que o governo tem o direito de utilizar para resolver o problema?

Comunicação, claro! O que não podemos é nos iludir: a estratégia pode ser de marketing, mas este sem uma comunicação criativa, bem fundamentada e eficiente é a mesma coisa que ir pra guerra e esquecer de levar as armas.

Mais sobre dengue:

Ciência e Saúde UOL
Combate à Dengue
Ministério da Saúde

Mais sobre a Teoria da Bala Mágica:

Canal da Imprensa
Wikipédia (não muito confiável)


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Comentários

  1. Oi Alexandre, estou justamente fazendo um projeto de Mestrado na Metodista -SP sobre a participação dos jornais na cobertura deste grave problema no Brasil e no mundo que é Dengue! A idéia é apresentar proposta de uma cobertura mais eficaz. Nas minhas pesquisas achei seu blog. Gostei muito!

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