Praça da Paz Celestial e a imagem do século XX

Hoje faz exatamente 20 anos do brutal massacre levado a cabo pelo governo chinês em 1989 na assim chamada Praça da Paz Celestial. Na época não tinha eu idade para saber o que significava tudo aquilo, e hoje mesmo acho que nem vagamente me lembro do que aconteceu.

No entanto, sempre que vejo este jovem empunhando sacolas plásticas à frente de uma coluna de tanques de guerra, e fazendo os tanques pararem com nada mais que seu corpo franzino, sinto um tipo de emoção que é difícil definir.


A imagem é inspiradora e nos ensina clara, nitidamente, sem subterfúgios, que a força bruta pode muito, mas não pode tudo. Até hoje ainda não se sabem a identidade e o paradeiro do rapaz. Imaginamos que ele não tenha durado muito no regime repressivo chinês, embora pessoas que estiveram lá, ao vivo, sustentem com argumentos convincentes que ele não tenha sido "enquadrado" pelo governo. Pelo menos foi o que apurou uma reportagem da Rede Globo à época, se não me engano, das Olimpíadas de Pequim (2008).

Por exemplo, seria uma ótima estratégia de relações públicas que o mundo soubesse que nada havia acontecido com ele, que o governo tolerava os protestos pacíficos e blá-blá-blá. Mesmo por quê, o protesto solitário deste jovem aconteceu alguns dias após o massacre de fato, quando o governo afirmou que houvera confronto entre militares e protestantes. Sabe-se que o tal confronto não houve e que morreram pelo menos 400 pessoas (fontes não confirmadas sustentam números entre 2.600 e 7 mil pessoas mortas).

Para mim é uma das mais inspiradoras e fantásticas imagens registradas em vídeo, se não a mais, do século XX. E pra você?


Comentários

  1. Essa cena tbm me emociona pela coragem. Às vezes somos tão covardes em coisas pequenas e a páticos em coisas grandes.

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  2. Bem... acredito que o confronto foi entre "policiais e manifestantes" e não entre "policiais e protestantes" como afirma o texto.

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  3. Caro Anônimo,

    de fato você está (meio) correto. Protestante fica esquisito, mas cabe ali. No entanto, confesso que usei por não lembrar de jeito nenhum da palavra "manifestante".

    Sei que pode dar a entender que as pessoas eram ligadas a alguma denominação religiosa, mas já foi, né?

    Obrigado pela dica!

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