E os jornais, hein?

Foi na Semana de Comunicação realizada no início deste mês pela Universidade Federal do Tocantins - UFT - que fiz uma pergunta a 2 palestrantes sobre um assunto objeto de minhas reflexões em comunicação e tecnologia: o futuro do jornal. Os palestrantes eram os jornalistas Salomão Wenceslau e Cleber Toledo, diretores do semanário "O Jornal" e do portal "Cleber Toledo", respectivamente.

Devido ao tempo apertado, não foi possível ouvir o que o Salomão tinha a dizer sobre o assunto, e isto certamente prejudicou o debate. A resposta do Cleber foi muito pertinente e vai mais ou menos ao encontro do que penso a respeito. Disse ele: "a internet atingiu o jornal na sua essência, a notícia". Digo eu: foi exatamente isso que aconteceu e mais um pouco.

A essência do jornal impresso
Ocorre que o jornal impresso, tal qual foi criado e tal qual conhecemos hoje tem como carro-chefe a notícia. Antes os jornais brigavam entre si para serem os primeiros a divulgar as notícias. Hoje nenhum jornal do mundo, por mais ágil que seja, consegue publicar notícias antes de elas saírem na internet. A rede tem sido inclusive mais ágil que um veículo que sempre foi rápido, e que apesar de ainda ter uma grande importância, hoje é muito subestimado: o rádio. Trocando em miúdos: a principal razão de ser do jornal foi atingida em cheio.

Outros aspectos
Mas não foi, nem é, somente isso. Tem outros pontos nos quais a internet atingiu em cheio o jornal impresso. Primeiro, a interatividade, que é muito mais forte na rede que no papel. Assim que se lê um notícia na rede é possível escrever m comentário e ver sua publicação instantânea, quase sempre sem filtro algum, e sem limite de espaço. Quantos comentários forem enviados, tantos serão publicados. Isto sem falar nas enquetes, blogs e outras formas de interação e participação de que os jornais impressos não dispõem.

Outro ponto a levar em consideração é o custo. Os gastos operacionais de um impresso estão se tornando cada dia mais proibitivos. A impressão de um jornal formato tablóide, com 8 páginas coloridas e tiragem de 5.000 exemplares não sai por menos de 3 mil reais. Some-se a isto os gastos com diagramação, distribuição e vendas de anúncios, entre outros, e teremos um custo por tiragem que facilmente ultrapassa os 5 mil reais.

Rede: custo quase zero
Na internet já é possível colocar em operação um site básico de notícias, com aspecto profissional, a um custo próximo de zero! É preciso ter algum conhecimento das ferramentas disponíveis e um pouco de paciência. Mas se não tiver estes requisitos pode-se contratar um bom webdesigner, com preços a partir de 500 reais, para produzir um website. Depois é só registrar o nome - cerca de 30 reais/ano - e contratar o servidor onde o site vai ficar hospedado - a partir de 10 reais/mês. A publicidade para gerar renda pode ser terceirizada com ferramentas gratuitas e... pronto. Temos um site jornalístico com um investimento inicial menor que o custo de impressão de uma edição do impresso e um custo mensal com distribuição e vendas de publicidade irrisório. A diagramação está incluída na criação do site.

Vale dizer, no entanto, que não são apenas os aspectos técnicos e financeiros que vão definir o futuro dos jornais. As inovações tecnológicas e a discussão ambiental terão certamente um papel importante nisso tudo. Mas o "fiel da balança" está mesmo nas mãos de milhões de pessoas que vêem neles uma fonte confiável de informações e entretenimento. A credibilidade continua sendo um dos principais problemas da internet, e isto vai beneficiar os impressos por um bom tempo ainda.

Nos próximos 20 anos, o bom e velho jornal impresso ainda resistirá bravamente. Daí pra frente vai depender única e exclusivamente desta geração de jovens plugados que temos hoje. Eu aposto na rede, você?

Comentários

  1. Acredito que o impresso não deverá acabar em mais ou menos 20 anos. Tenho a idéia de que a internet, que é um veículo moderno, eficaz, porém, muito jovem,não conseguirá liquidar com o jornal impresso, pois essa tecnologia, por causa de seu custo, vai denmorar muito à chegar em todos os lares desse imenso Brasil...Acho que levaremos mais de cinquenta anos para que isso aconteça, isso se investirmos seriamente em educação, se não... Mas concordo com você que o custo de impressão é muito alto e inviabiliza muitos projetos, mas isso é uma questão financeira.Baixar taxas de juros, cortar impostos, reduzir jornada de trabalho, manter salários... Propiciando uma melhora econômica real... Talvez seja isso... Talvez seja esse o caminho... Para encerrar, meu novo amigo jornalista, temos ainda livros sendo gravados...Começamos a ouvir os livros....Vixe! Que coisa einh? Aos que adoram o cheiro do papel jornal, aquele ritual à mesa do café...Tomara que isso não acabe tão cedo. Saudações e parabéns pelo blog. Se puder veja o meu....huebra-wwwcriticaurbana.blogspot.com

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